Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, desenvolveram uma forma de monitorar tratamentos de câncer usando uma nova técnica para rapidamente sequenciar, ou decodificar, grandes quantidades de DNA. A descoberta é parte de um programa coordenado por Bert Vogelstein e Kenneth Kinzler. A abordagem era algo fora de questão até o desenvolvimento, alguns anos atrás, de métodos para sequenciar grandes quantidades de DNA a baixo custo.
Uma célula se torna cancerosa quando os genes que brecam o crescimento descontrolado são sabotados por mutações. Quando as defesas anticâncer das células são destruídas, sucede uma desordem genética, com mais mutações e extensos rearranjos de DNA nos cromossomos.
Se esses pedaços alterados de DNA pudessem ser colhidos na corrente sanguínea de um paciente, eles serviriam como um indicador (denominado tecnicamente “marcador”) direto e sensível. Um cirurgião poderia verificar se havia removido com sucesso a totalidade de um tumor, e quimioterapeutas poderiam conferir o andamento de qualquer tratamento.
Mas o que permanece uma questão em aberto é qual tipo de dano seria o melhor indicador da presença de um tumor. No mês passado, Rebecca Leary e Victor Velculescu, colegas de Vogelstein, relataram poder detectar consistentemente rearranjos do DNA ao sequenciar seus fragmentos flutuando no sangue. Os rearranjos são exclusivos das células cancerosas, tornando-os um indicador muito específico. Porém, testar todos os pacientes exigia o sequenciamento de bilhões de unidades de DNA – e custava US$ 5 mil.
DNA de mitocôndria
Agora, Vogelstein, Yiping Le, Nickolas Papadopoulos e colegas exploraram outro possível indicador de células cancerosas: eles descobriram que mais de 80% dos cânceres têm mutações em seu DNA mitocondrial. Essas alterações são simples de identificar, pois o genoma do DNA mitocondrial é muito pequeno – apenas 16 mil unidades – em comparação com as três bilhões de unidades do genoma nos núcleos das células.
Menos caro, o teste do DNA mitocondrial é tão sensível que uma mutação pode ser coletada a partir de uma amostra de sangue muito menor.
Os dois métodos estão no estágio de pesquisa, e precisam que o custo de sequenciamento caia ainda mais antes que possam ser considerados para uso clínico. Ainda assim, Vogelstein disse que indicadores de câncer baseados no DNA podem se tornar um diagnóstico melhor que os métodos atuais, que dependem da detecção de proteínas ligadas ao câncer. “Do ponto de vista da pesquisa, não restam dúvidas de que essa abordagem tem o potencial de rastrear pacientes e tumores com mais eficácia que a abordagem convencional.”
Michael Melner, diretor do programa científico da Sociedade Americana do Câncer, afirma que a sociedade tem um “enorme interesse” em métodos baseados no DNA para rastrear o câncer, e que a análise do DNA mitocondrial de Vogelstein é a mais abrangente até o momento.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1537335-5603,00-LEITURA+DINAMICA+DE+DNA+ABRE+NOVO+CAMINHO+NO+TRATAMENTO+DE+CANCER.html
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