Um tratamento inédito permite colocar sementes radioativas no corpo do paciente para tratar câncer de próstata. Graças ao diagnóstico mais preciso é possível descobrir a origem de doenças, e começar o tratamento mais cedo. O método já foi usado com sucesso no Brasil.
No século 19, em um laboratório como este, na França, o químico Louis Pasteur fez descobertas que pareciam impossíveis. Mesmo com o mais potente microscópio da época era difícil identificar um micro organismo. Já no século 21, nos laboratórios, os equipamentos de alta precisão transformam o mapeamento genético em realidade.
Nesta máquina, a placa de titânio e fibra ótica analisa amostras de sangue do tamanho de uma ponta de agulha. Os pesquisadores já conseguem descobrir as características que herdamos de nossos pais. Tecnologia de hoje com olhos no futuro.
“Isso significa que em dois, três anos ou cinco eu vou chegar num laboratório, o meu sangue vai ser coletado e vai ser possível identificar a doença que eu tenho e qual o melhor tratamento que eu devo receber”, afirma a biomédica Patrícia Barbosa.
Glaucoma
Graças ao mapeamento genético, os médicos tentam identificar se o glaucoma é ou não hereditário. A doença que atinge cerca de um milhão de brasileiros tem como principal sintoma a pressão alta dentro do olho e pode levar à cegueira. Dona Dirce trouxe a família inteira para fazer exames. O objetivo é descobrir se há algum problema no organismo de todos os familiares que determine a doença.
“Veio a família de São Paulo e a família lá de Minas. Tem muita gente com glaucom”, afirmou Dirce. Hoje, a filha Larissa, de 16 anos, foi examinada. “Eu acho importante pode ajudar não só a minha família como muitas outras”, completou.
E está ajudando. Dona Dirce é casada com um primo e os pesquisadores já tem certeza que a união de pessoas de uma mesma família é uma das causas. “Doenças genéticas são mais comuns nessas famílias e elas devem ser examinadas por um pediatra, por um geneticista clínico e também por um oftalmologista logo ao nascer”, afirmou a médica de genética ocular do Hospital das Clínicas, Simone Finzi.
Hidroxilase
De cada 10 mil recém-nascidos, um é portador da deficiência da 21 hidroxilase. Um numero que os pesquisadores acreditam ser muito maior isso porque não há a obrigatoriedade do diagnóstico precoce.
A doença é grave e inibe a produção do hormônio cortisol que conhecemos como cortisona. A falta dele provoca desidratação nos meninos e má formação no aparelho genital das meninas. Nos casos em que a doença é mais branda, os meninos entram precocemente na puberdade. E as meninas quando adultas podem ter problemas para engravidar.
Para Tânia Sanchez Bachega, pesquisadora da USP, o diagnóstico é simples. Ela não mede esforços para sensibilizar o governo. O objetivo é tornar obrigatório o teste que constata a deficiência do cortisona e que pode ser feito na maternidade com o mesmo sangue coletado para o teste do pezinho.
“O custo da dosagem hormonal em si é muito baixo. Acredito eu que num aumento menor que 10 reais por dosagem. O custo pro sistema público de um paciente que não foi diagnosticado pela triagem é muito maior. Se ele não morrer, ele vai ficar mais tempo internado pela desidratação pela complicação da doença. Essa desidratação numa fase tão precoce do desenvolvimento cerebral nós sabemos que pode dar comprometimento intelectual. Então será um adulto que pode não ter condições plena de trabalho então esse custo também terá que ser mensurado”, afirmou.
Câncer de próstata
Um diagnóstico preciso e um tratamento moderno livraram João de uma cirurgia e do câncer de próstata. O tratamento tem um nome complicado: braquiterapia, mas a explicação é simples. Um ultrassom faz imagens do tumor a cada cinco milímetros. Depois elas ganham forma tridimensional e são analisadas.
“Tudo isso tem princípio, tudo isso tem lei física, tem lei clínica evidentemente. Este é que é o progresso real da ciência. O aparelho de ultrassom que eu usei aqui além de dar imagens transversas ele dá imagens de perfil”, afirmou o Dr. João Luis Fernandes da Silva, coordenador de Radioterapia do Sírio Libanês.
A qualidade das imagens e a precisão do médico vão determinar os pontos exatos para a colocação de micro partículas radioativas que doutor João chama de sementes. “Cada pontinho vermelho é uma sementinha e a linha verde a atuação do remédio”, disse.
A especialista em física nuclear faz os cálculos. Ela prepara agulhas com a quantidade de sementes que serão colocadas no tumor. Neste caso são 84. Um gabarito ajuda o médico a encontrar o ponto exato no corpo do paciente.
“O cuidado maior então é o lugar amarelinho q é a uretra perto dela não tem semente significa que a dose é baixa e muito menos perto do reto. Este verde a próstata toda e tudo que esta dentro é o que cura”, explica o médico.
A colocação das agulhas é acompanhada pelo ultrassom. Os pontinhos mais brilhantes são as sementes entrando. A checagem é pelo raio X. A radiação atua num espaço de dois a três centímetros e dura no máximo seis meses. Com o uso da braquiterapia, 85% dos pacientes com tumores de próstata em estágio inicial ficaram curados. E, sem necessidade de cirurgia.
O engenheiro João hoje comemora: “Eu tenho 113 sementinhas. Eu me sinto até mais jovem em termos de próstata”.
Fonte: http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=100000407181
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