Terapias alvo dirigidas e quimioterápicos de via oral têm menos efeitos colaterais e permitem que paciente mantenha suas atividades normais O tratamento que auxilia no combate ao câncer evoluiu muito nas últimas décadas com o surgimento de novos quimioterápicos, menos tóxicos, mas foi o desenvolvimento das chamadas terapias alvo moleculares que representou uma grande melhora na sobrevida e na diminuição dos efeitos colaterais. Com o surgimento de novas drogas, aliado ao avanço no conhecimento sobre o câncer e sobre os efeitos do próprio tratamento, permitem que, em muitos casos, o paciente mantenha a qualidade de vida e continue com suas atividades normais.
A principal diferença entre esses medicamentos e a quimioterapia convencional é a capacidade das drogas alvo dirigidas, ou moleculares, de inibir processos que ocorrem na célula tumoral de forma distinta de uma célula normal. De forma geral, essas drogas são divididas em dois grupos: as que atuam ligando-se a receptores na superfície das células e as que se ligam a receptores no interior da célula.
Para o oncologista Jacques Tabacof do corpo clínico do Centro Paulista Oncologia (CPO), os tratamentos que inibem as vias celulares são a grande promessa na luta contra o câncer. “Temos hoje centenas de moléculas desse tipo sendo pesquisadas”, comenta. Já há medicamentos desse tipo no mercado, mas o custo ainda é um pouco alto e os médicos ainda precisam aprender sobre as potencialidades dessas drogas. “São drogas que atuam de forma muito específica, ainda não dominamos totalmente seu funcionamento. Precisamos estudar mais para saber qual o perfil do paciente que terá mais benefício com aquele tratamento”, diz Tabacof.
Para Marcelo Aisen, oncologista do CPO, cada paciente deve ser tratado de forma individualizada. Isso porque um esquema de tratamento pode ser bastante eficaz em um caso e não ter a mesma resposta em outro paciente. O tipo de câncer, a localização do tumor, o grau de evolução da doença e o estado de saúde do paciente são fatores que influenciam na tomada de decisão sobre a melhor forma de tratamento. “Tudo depende de um fator que nós médicos chamamos de assinatura genética e molecular do tumor”, resume Aisen.
Apesar dos avanços nas terapias moleculares, a quimioterapia clássica não foi abandonada. A maioria dos pacientes ainda passa por ela, mas, nos casos em que há drogas disponíveis, as drogas alvo são usadas de forma associada. Apenas em alguns casos, como no tratamento do câncer de rim, que costuma responder muito mal à quimioterapia, o tratamento é feito somente com terapia molecular.
O surgimento de agentes quimioterápicos de administração oral e com menos toxicidade também é um avanço. “Hoje conhecemos melhor também os efeitos do tratamento e temos formas de intervir para minimizar os efeitos colaterais”, explica o médico Jacques Tabacof. Dependendo do caso, a quimioterapia é indicada em diferentes etapas do tratamento. Em casos de tumores muito grandes, ela é feita antes da cirurgia, para ajudar a diminuir o tamanho da área retirada. Se feita depois da cirurgia, a quimioterapia previne a ocorrência de metástase (quando o câncer se espalha, afetando outros órgãos).
Para Tabacof, a melhora nas técnicas de diagnóstico e o fato de as pessoas estarem mais atentas são fatores que contribuem para o sucesso do tratamento. “Percebemos nos últimos anos uma migração no perfil dos pacientes. Antes eram pacientes que chegavam em estado terminal e hoje temos muitos com diagnóstico precoce. Isso se reflete na chance de cura, o paciente têm melhores condições de suportar o tratamento, que por sua vez não precisa ser tão agressivo”, comenta.
Fonte: http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=66941
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