quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Entenda o linfoma, câncer que tem crescido em número de casos
Na quarta-feira (10), o ator Reynaldo Gianecchini anunciou que recebeu o diagnóstico de que tem um linfoma, cuja localização ainda não foi encontrada. Ontem (11), o Hospital Sírio-Libanês, onde ele está internado, em São Paulo, confirmou o diagnóstico, feito por meio de biópsia.
Mas pouca gente sabe o que é um linfoma. Tanto, que uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), no ano passado, com 1.455 portadores de linfoma, constatou que aproximadamente 86% nunca tinham ouvido falar do linfoma antes do diagnóstico. O estudo aponta também que 70% destes pacientes demoraram mais de três meses para iniciar o tratamento.
Por isso é importante que as pessoas entendam o que representa esse complexo tipo de câncer. Mas antes de detalhar o que seria um linfoma, é importante esclarecer o que seria o sistema linfático. Esse sistema está presente em todo o corpo para ajudar na defesa do organismo. Um líquido claro chamado linfa leva nutrientes e água às células que combatem ameaças como resíduos e bactérias. Os gânglios linfáticos são os locais desse sistema em que as células de defesa se acumulam em seu combate cotidiano. Do tamanho de um grão de feijão, eles são conectados por vasos linfáticos e se acumulam nas regiões do pescoço, das axilas, do peito, do abdômen e da virilha. Ao longo da vida do indivíduo podem ocorrer mutações no DNA dos linfócitos, levando à sua multiplicação desenfreada. Nesse caso, surge o linfoma, o câncer que se inicia a partir de um linfócito.
Os linfomas são divididos em duas grandes categorias: o linfoma Hodgkin, ou "doença de Hodgkin", que responde por apenas 10% do total de casos. Atinge em sua maioria jovens e pessoas de meia-idade. Os outros 90%, incluindo o caso do ator, são linfomas não Hodgkin.
A incidência do linfoma não-Hodgkin, categoria com mais de 20 tipos de tumores, é mais comum em homens e aumenta progressivamente com a idade.
Em torno de 4 casos/100 mil indivíduos ocorrem em torno dos 20 anos de idade. A taxa de incidência aumenta dez vezes aos 60 anos e mais de 20 vezes após os 75 anos. Os casos da doença duplicaram nos últimos 25 anos. Com essa variedade grande de tumores, há linfomas não-Hodgkin de progressão muito lenta, enquanto outros têm ação muito rápida.
Seu principal sintoma é o inchaço indolor dos linfonodos (conhecido popularmente como íngua) no pescoço, nas axilas ou na virilha. Outros sinais também comuns ao linfoma são febre, suor (geralmente à noite), cansaço, dor abdominal, perda de peso, pele áspera e coceira. o autoexame, por meio do toque, continua importante para aumentarem as chances de cura, já que os nódulos podem ser sentidos com as mãos e, dependendo do estádio da doença, serem vistos a olho nu.
A quimioterapia, a radioterapia ou ambas podem ser usadas no tratamento. Elas matam todas as células em fase de multiplicação no corpo ou na parte atingida, diminuindo, assim, o crescimento do tumor.
Casos de linfoma têm crescido, mas não se conhecem as causas com precisão
O número de novos casos de linfoma não Hodgkin duplicou nos últimos 25 anos, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Segundo a literatura médica internacional, o número de casos da doença cresce entre 3% e 4% ao ano. Em 2009, no Brasil, foram registrados 9.100 novos casos.
Os médicos ainda não sabem por que isso vem acontecendo.
Uma das hipóteses levantadas por especialistas credita uma importante causa ao envelhecimento da população. Outra possibilidade discutida entre estudiosos do tema é a forte relação com imunodeficiência. Pacientes que fazem tratamentos contra doenças autoimunes, para receber transplante de órgão ou que tenham Aids estão sujeitos a um risco maior. Causas ambientais também são investigadas, como o uso de pesticidas. Mas nem todas essas causas somadas dariam conta de explicar o fenômeno.
http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20110812193610&assunto=31&onde=Brasil
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