O lado negro das células-tronco acaba de ganhar mais uma confirmação: a descoberta de uma população desse tipo de célula que está na raiz dos cânceres de intestino. Uma equipe internacional de pesquisadores identificou as vilãs microscópicas num estudo com camundongos e pretende utilizar esse conhecimento como ferramenta para, quem sabe, erradicar definitivamente esse tipo de câncer.
A capacidade de renovar a si próprias e a de dar origem a outros tipos de célula são definidoras das células-tronco, e é graças a elas que os cientistas pretendem utilizá-las para reconstruir órgãos e tecidos. Mas essas mesmas propriedades também são potencialmente perigosas. Se os vários tipos de câncer tiverem células-tronco -- e cada vez mais parece que eles as têm --, a doença ganha uma fonte quase inexaurível de crescimento: basta que sobre uma única célula-tronco para que um tumor volte, ao menos em tese.
Na nova pesquisa envolvendo tumores de intestino, a equipe liderada por Hans Clevers, do Centro Médico da Universidade de Utrecht (Holanda), estudou um grupo especial de células da chamada cripta intestinal (uma região cheia de glândulas mucosas no intestino delgado). Já se sabe que elas são as células-tronco "do bem" para o intestino delgado e o cólon, ou seja, ajudam a renovar os tecidos desses órgãos (para se ter uma idéia, a camada superficial deles é trocada a cada cinco dias em camundongos).
Na mosca
Clevers explicou ao G1 que os camundongos usados na pesquisa foram especialmente "preparados" (via biologia molecular) para reagir da maneira que os pesquisadores desejavam. "Eles produzem uma enzima em suas células-tronco, que nós conseguimos ativar com uma injeção de tamoxifeno [droga comum no tratamento contra o câncer de mama]. Com esse truque, nós deletamos um gene que serve como supressor de tumores em células-tronco", diz ele.
No experimento, os pesquisadores viram que o tumor intestinal só surgia quando o gene, conhecido como APC, era inutilizado nas células-tronco, e não nas outras células do intestino. Isso mostra que elas são mesmo as culpadas pela doença. "Ao comparar esses dois tipos de células, nós agora poderemos achar genes marcadores que estão unicamente presentes nas células-tronco do câncer, e não nas células-tronco normais", diz Clevers. Com isso, espera-se que surjam formas de atacar especificamente esse tipo de célula.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL926756-5603,00-ESTUDO+FLAGRA+CELULASTRONCO+DO+MAL+QUE+GERAM+CANCER+NO+INTESTINO.html
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