Para esse trabalho, os cientistas trataram células de cânceres de colo de útero, pele, fígado e mama, e iniciaram com três substâncias químicas distintas seu processo de apoptose (uma forma de morte celular que está regulada geneticamente). Até agora, era um fato contraditório que as células normais conduzidas artificialmente para seu suicídio alcançassem um ponto sem retorno, após o qual tinham de morrer, inclusive se fosse detida a apoptose artificial.
Os autores da pesquisa, porém, comprovaram que havia células cruzando esse ponto de não-retorno e ainda eram capazes de se recuperar, depois de retirado o elemento indutor. As células recuperavam seu tamanho e função, e seguiam se dividindo, perecendo somente quando o núcleo contendo a maior parte de seu DNA começava a desintegrar-se, algo que ocorre apenas na fase final do processo da morte celular.
— Demonstramos que várias fileiras de células cancerígenas podem sobreviver à morte celular programada. A pesquisa sugere a existência de uma via de escape tático à qual as células podem recorrer para sobreviver ao tratamento com quimioterapia. Nossas averiguações oferecem novas pistas para investigar o que permite às células cancerígenas voltar à vida após um tratamento de quimioterapia ou de que maneira essa capacidade para reverter a morte celular contribui para que sigam se dividindo e crescendo durante os ciclos de tratamento contra o câncer — explicou o professor Ming-Chiu.
O médico Lesley Walker, diretor de informação do Centro de Pesquisa do Câncer do Reino Unido, afirmou que "este descobrimento revelador nos apresenta um mapa inteiro de novas rotas a explorar na busca de novos objetivos terapêuticos".
— É um avanço intrigante que esperamos tenha um papel útil em nossos esforços para derrotar o câncer — disse o diretor do centro de pesquisa, entidade que publica o British Journal of Cancer.
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