Dores constantes na hora de urinar foram os sintomas que levaram o aposentado U.L., 69 anos, a procurar um especialista. A investigação médica, feita pelo exame de toque retal e complementada por biópsia, constatou o câncer próstata. ”Naquele momento já pensava em me despedir da minha família e só imaginava que logo iria morrer”, lembra o paciente do Hospital Urológico de Brasília, já curado da doença graças à braquiterapia – procedimento não cirúrgico.
De acordo com o Inca em últimos dados divulgados, a estimativa era de 49.350 novos diagnósticos da doença em 2008, no Brasil. Em termos de valores absolutos, trata-se do sexto tipo de câncer mais comum no mundo e o mais prevalente em homens. A boa notícia é que as chances de cura são elevadas, especialmente quando o diagnóstico se dá na fase inicial. Além disso, os avanços tecnológicos possibilitam tratamentos eficazes, como a braquiterapia.
A técnica, que chegou ao Brasil nos anos 90, é uma espécie de radioterapia. “Ela utiliza cápsulas de radiação que são implantadas no interior da próstata. Elas liberam doses de radiação sobre o tumor de forma que órgãos e tecidos sadios que o rodeiam sofram o menor impacto possível durante o tratamento”, conta o médico Eriston Wendt Uhmann, diretor do Hospital Urológico de Brasília, primeira instituição da capital federal a oferecer o tratamento e sétima do País.
Segundo Uhmann, a intensidade da radiação e o tempo de permanência das cápsulas no organismo do paciente variam de caso para caso. No caso da próstata, o implante costuma ser permanente. “Mas sua atividade radioativa tem meia-vida de 59 dias, portanto, após alguns meses, as chamadas ‘sementes’ deixam de emitir a radiação”, completa o especialista.
As sementes de radiação, em número aproximado de 100, são levadas até a próstata por agulhas transperineais e posicionadas, sob controle de ecografia e raios x, de forma a distribuir homogeneamente a radiação em todo o tecido prostático. Esse procedimento é realizado no centro cirúrgico, sob anestesia. O processo de implantação das fontes leva duas horas. O procedimento pode acontecer com alta ou baixa taxa de dose. “Essa classificação é feita a partir da modalidade técnica e da quantidade de energia em cada cápsula. No caso da próstata, a dose indicada é de 145 Gy e a fonte é de iodo-125. Trata-se de uma baixa taxa”, explica o médico.
U.L. nunca tinha ouvido falar no procedimento não cirúrgico, mas optou pela implantação das sementes radiotivas, aplicadas no ano de 2006. “De lá pra cá, tenho uma vida normal, nem lembro que tive um tumor”, compartilha o aposentado.
Vantagens – A braquiterapia pode evitar que a próstata seja retirada. “Além disso, ela exige um pequeno tempo de internação (no máximo 24 horas) e oferece menor risco de impotência sexual após o tratamento, se comparada à cirurgia tradicional”, lembra o diretor do Hospital Urológico de Brasília. Outra boa notícia é que a atividade sexual do paciente pode ser retomada cinco dias depois do implante.
Após uma semana de repouso, o exercício da profissão também pode ser reiniciado. “A partir daí, o acompanhamento do paciente torna-se ambulatorial, com consultas e exames”, complementa Uhmann. Vale ainda destacar que o uso dos materiais radioativos na braquiterapia é sempre seguro, desde que tomadas as medidas de garantia necessárias. “Cada cápsula tem, individualmente, pouca energia. Portanto, pode ser manipulada com segurança”, conta o médico.
Mas, para que o tratamento com a braquiterapia seja bem sucedido, é fundamental que a avaliação do paciente tenha sido detalhada. “O procedimento é indicado para diagnósticos realizados na fase inicial da doença. Se o câncer estiver muito avançado, o paciente deve ser submetido à cirurgia e à radioterapia”, alerta Uhmann. Sorte de U.L. que teve o tumor identificado em fase inicial e optou pelo procedimento não cirúrgico, retomando sua independência e o sonho de viver muitos anos: “Eu ainda quero ver meus bisnetos e olha que a minha neta tem apenas 13 anos”, revela entusiasmado.
Noticia publicada em 22/04/09
Fonte: http://www.emtemporeal.com.br/index.asp?area=2&dia=22&mes=04&ano=2009&idnoticia=75234
excelente opção de tratamento não fosse o custo muito alto,é um procedimento reservado apenas a pacientes de alto poder aquisitivo.O ideal seria o Estado participar pelo menos em parte dos custos.
ResponderExcluirÉ uma pena que este tratamento não atinge as pessoas que não tem e não pode pagar, gostaria de poder ver alguém ainda defendendo o direito de ter tratamento como esse, já que esta na constituição do Brasil, que a saúde, educação e segurança e obrigação do poder publico sendo que isso não é verdade. E se fossem não precisava entrar na justiça p/conseguir certos remédio.
ResponderExcluir