Na medicina, há uma regra básica segundo a qual quanto antes uma doença for detectada, melhor para o paciente. Sua chance contra a enfermidade cresce quando o inimigo é descoberto ainda pequeno. É por isso que há hoje no mundo centenas de cientistas empenhados em descobrir maneiras de identificar qualquer indício de problema o mais cedo possível. O resultado pode ser visto em boas novidades neste campo - atualmente disponíveis - e em muitas outras opções em desenvolvimento.
A saúde da família da empresária Aparecida Tozzo, 59 anos, de São Paulo, é uma das que estão sob o guarda-chuva desta onda de proteção precoce. Ela e sua irmã Nair, 60 anos, tiveram melanoma, o mais agressivo tipo de câncer de pele. Aparecida sofreu com a doença em 1989 e Nair, cinco anos atrás. Agora, as duas, seus filhos e mais as outras quatro irmãs fazem parte de um protocolo pioneiro de acompanhamento criado no Hospital A. C. Camargo, em São Paulo.
O projeto consiste no monitoramento de famílias nas quais há pelo menos dois casos da doença - o que aponta para a existência de uma conexão genética da enfermidade. O objetivo é manter os indivíduos sob acompanhamento para identificar o eventual surgimento do melanoma em qualquer um deles o mais precocemente possível. As estatísticas mostram a importância dessa atitude. Quando o tumor está infiltrado sob a pele apenas um milímetro, a possibilidade de cura é de 95%. Com mais de quatro milímetros de profundidade, a chance cai para menos de 5%.
O trabalho foi iniciado há um ano e por enquanto conta com a participação de 48 famílias. "Convocamos os parentes de pacientes em primeiro e segundo graus", explica Alexandre Leon, dermatologista especializado em oncologia cutânea e coordenador do programa. Todos são submetidos a um teste para verificar a presença de mutações genéticas associadas à doença. Seus integrantes também têm suas pintas mapeadas e analisadas a cada visita, feita de seis em seis meses. Mesmo os membros que não manifestam as alterações nos genes permanecem sob vigilância.
Até por sua importância em termos de gravidade e de incidência na população, o câncer é uma das doenças que mais têm merecido atenção no que diz respeito à detecção precoce. Além do melanoma, há outros tipos de tumores para os quais estão sendo criadas formas de identificação mais eficazes e também menos agressivas. No Fleury Medicina e Saúde, em São Paulo, por exemplo, acaba de ser disponibilizado um exame de rastreamento de câncer de cólon (intestino grosso) não invasivo. A colonoscopia virtual consiste na avaliação do cólon por meio de imagens obtidas por tomografia computadorizada. O que se pretende é verificar se há a presença de pólipos, lesões benignas que antecedem o câncer. O exame é indicado para pessoas com mais de 50 anos. Para quem tem casos na família ou pólipos intestinais, a recomendação é de que o rastreamento seja feito a partir dos 40 anos.
Muitos dos avanços estão sendo possíveis graças aos testes genéticos que apontam a predisposição para doenças. Eles estão cada vez mais frequentes e abrangentes. Há seis meses, por exemplo, o Laboratório Richet, no Rio de Janeiro, oferece um exame que procura 69 mutações genéticas. Entre outros males, elas estão associadas à osteoporose, ao mal de Parkinson e ao mal de Alzheimer, três enfermidades relacionadas ao envelhecimento. A simples constatação da propensão genética não é uma sentença definitiva de que o indivíduo manifestará a doença - em geral, as causas são múltiplas, não apenas genéticas. Mas o conhecimento da condição alerta a pessoa para certos cuidados. "Ela pode fazer um acompanhamento frequente com seu médico e submeter-se a exames regularmente", explica o patologista Hélio Margarinos, diretor médico do laboratório carioca. Dessa maneira, ao primeiro sinal, a doença passa a ser combatida e sua progressão pode ser retardada.
Continua...
Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2056/artigo130532-1.htm#
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