quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Cientistas desvendam ação de droga tirada de cogumelo contra o câncer

Cientistas britânicos desvendaram como atua uma promissora droga contra o câncer, descoberta inicialmente em um cogumelo selvagem.

A equipe da Universidade de Nottingham acredita que seu trabalho possa ajudar a tornar a droga mais eficiente e útil para o tratamento de uma ampla gama de cânceres.

A cordicepina, comumente usada na medicina chinesa, foi originalmente encontrada em um raro tipo de cogumelo parasita que cresce em lagartas.

O cogumelo Cordyceps, também conhecido como cogumelo da lagarta, tem sido estudado por pesquisadores desde os anos 1950.

Porém apesar do potencial mostrado pela droga, ela era rapidamente degradada no organismo.

Ela pode ser administrada com uma segunda droga para evitar essa degradação, mas essa segunda droga pode provocar efeitos colaterais que limitam seu uso potencial.

Como consequência, os pesquisadores voltaram suas atenções para outras possíveis drogas contra o câncer, e a ação da cordicepina sobre as células humanas se manteve pouco estudada até hoje.

Tratamentos

"Nossa descoberta abrirá a possibilidade de investigar uma variedade de diferentes tipos de câncer que poderão ser tratados com a cordicepina", afirma a pesquisadora Cornelia de Moor.

"Será possível prever que tipos de cânceres poderão ser sensíveis (à droga) e com quais outras drogas contra o câncer ela poderá ser combinada", explica.

Segundo ela, "isso também pode servir como base para o desenvolvimento de novas drogas contra o câncer que atuam sob o mesmo princípio".

Os pesquisadores também desenvolveram um método para testar o quão efetiva a droga é ao ser misturada com outras substâncias, o que poderá ajudar a resolver o problema da rápida degradação no organismo.

Proteínas

O estudo, publicado na revista especializada Journal of Biological Chemistry, observou dois efeitos sobre as células - em doses pequenas, a cordicepina inibe o crescimento descontrolado e a divisão das células, e em altas doses ela impede que as células se unam umas às outras, o que também inibe o crescimento.

Ambos os efeitos têm provavelmente o mesmo mecanismo por trás - uma interferência da cordicepina com a maneira como a célula produz proteínas.

Em doses baixas, a cordicepina interfere com a produção de RNAm (RNA mensageiro), a molécula que dá instruções sobre como montar uma proteína.

Em altas doses ela tem um impacto direto sobre a produção de proteínas.

"Este projeto mostra que podemos sempre voltar a fazer perguntas sobre a biologia fundamental de alguma coisa para refinar a solução ou resolver questões não respondidas", afirma Janet Allen, diretora de pesquisa do Conselho de Pesquisas em Ciências Biológicas e de Biotecnologia, que financiou o estudo.

"O conhecimento gerado por esta pesquisa demonstra os mecanismos de ação da droga e poderá ter um impacto em um dos mais importantes desafios da área de saúde", disse.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Planta testada no combate ao câncer

Pesquisadores brasileiros estudam medicamento à base de ervas contra a doença

Rio - O Brasil poderá ter o primeiro medicamento oncológico nacional. A avelós, uma planta usada em chás medicinais e nas populares “garrafadas”, produto que contém diversas ervas, está sendo testada no tratamento do câncer.

Estudos realizados no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, em São Paulo, mostram que ela conseguiu estabilizar o quadro clínico de uma doente terminal e que também reduziu as dores.

A planta, encontrada no Norte e no Nordeste do país, produz uma seiva semelhante ao látex, que é muita tóxica e cáustica. O primeiro passo foi então isolar apenas as substâncias benéficas da planta e transformá-las em uma pílula, chamada de AM10.

A droga foi testada em sete pacientes oncológicos terminais, que já haviam recebido todo tipo de tratamento disponível sem resultado. O objetivo foi descobrir a dose máxima da substância tolerada pelo organismo. Um paciente teve a doença estabilizada.

Mapas genéticos aliados contra o câncer

Cientistas estão identificando as mudanças que ocorrem nas células de dois tipos fatais de câncer para produzir os primeiros mapas genéticos inteiros de um tumor. Segundo eles, este fator marca um "momento transformador" na compreensão da doença.

Estudos recentes definem as primeiras descrições abrangentes de mutações celulares tumorais, e podem revelar todas as mudanças genéticas por trás do melanoma de pele e do câncer de pulmão. Os cientistas sequenciaram todo o DNA do tecido canceroso e do tecido normal em um paciente com melanoma e de um paciente com câncer de pulmão, usando uma tecnologia chamada sequenciamento paralelo em massa.

Comparando estas sequências tumorais com as saudáveis, eles conseguiram localizar todas as mudanças específicas do câncer. Como resultado, os cientistas descobriram que o tumor de pulmão continha mais de 23 mil mutações, enquanto o do melanoma tinha mais de 33 mil.

No caso do câncer de pulmão, a doença mata cerca de um milhão de pessoas em todo o mundo a cada ano, sendo 90% dos casos provocados pelo tabagismo. "Se você fumar 25 cigarros por dia durante 35 anos terá fumado 320 mil cigarros! Como foram encontradas cerca de 23 mil mutações no genoma do paciente com câncer de pulmão, isso quer dizer que, em média, a cada 15 cigarros, o fumante adquire uma mutação, ou seja, quase duas mutações por dia", explica o Dr. Salmo Raskin, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica.

Segundo o geneticista, o estudo mostra quanto antes o fumante conseguir se livrar do vício, mais chances tem de se livrar destas mutações. "O próprio corpo vai, aos poucos, eliminado as mutações adquiridas" explica.

Os cientistas já haviam identificado algumas mutações genéticas ligadas ao câncer e novas drogas estão sendo desenvolvidas para bloquear a atividade causadora do câncer. O objetivo agora é produzir mapas genéticos de todos os tipos de câncer.

Cientistas decodificam genomas do câncer de pulmão e de pele

Cientistas britânicos conseguiram estabelecer, pela primeira vez, o mapa genético do câncer de pulmão e de pele. O sequenciamento mostra as mutações do DNA que levam a esses dois tipos de câncer, uma descoberta que os cientistas acreditam que pode transformar nos próximos anos a maneira como as doenças são diagnosticadas e tratadas.

Todos os cânceres são causados por danos nos genes - mutações no DNA - que podem ser provoados por fatores ambientais como a fumaça do cigarro, químicos nocivos ou raios ultravioleta.

Cientistas do Instituto Welcome Trust Sanger, que tiveram as pesquisas publicadas pela revista Nature, concluíram o sequenciamento dos danos genéticos a partir dos tumores de dois pacientes que sofriam de câncer de pulmão e de um melanoma maligno, um câncer de pele.

"Este é um momento muito importante nas pesquisas sobre o câncer. A partir de agora podemos considerar o câncer de uma maneira muito diferente", disse o professor Mike Stratton, que coordenou os trabalhos.

Peter Campbell, um especialista em genomas do câncer que participou nos estudos, declarou ser "assombroso" o que é possível ver nos genomas. As pesquisas demonstraram que muitas mutações provocadas pela fumaça do cigarro ou pelos raios ultravioleta podem ser sequenciadas, dando consistência à ideia de que todos os tipos de câncer podem ser amplamente prevenidos. "Cada pacote de cigarro é como uma roleta russa", afirmou Campbell.

sábado, 5 de dezembro de 2009

ESTUDO DEMONSTRA AUMENTO SIGNIFICATIVO DE CURA PARA PACIENTES COM CÂNCER COLORRETAL

Tratamento personalizado com cetuximabe eleva as chances de reverter quadro de tumor e submeter o paciente à cirurgia

Darmstadt, Alemanha, novembro de 2009. Dados de um estudo internacional publicado no dia 26 de novembro, no The Lancet Oncology, demonstram que o uso da substância cetuximabe (Erbitux®), adicionada à quimioterapia no tratamento personalizado de primeira linha para câncer colorretal metastático (CCRm) com lesão no fígado, auxilia na reversão do quadro da doença, tornando possível a cirurgia de remoção do tumor para 34% dos pacientes pesquisados. Outros 70% demonstraram taxas de resposta global e podem se tornar potenciais para operação.

O câncer colorretal é a quarta causa mais comum de morte por câncer no Brasil e abrange tumores que atingem o cólon (intestino grosso) e o reto. Tanto homens como mulheres são igualmente afetados. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 25 mil novos casos foram diagnosticados em todo Brasil em 2006.

O estudo Celim avaliou, em 17 centros de pesquisas na Alemanha e Áustria, 109 pacientes com CCRm que apresentavam o KRAS não mutado (gene biomarcador que identifica uma das proteínas celulares, o RAS, responsável por aumento da sobrevida, maior proliferação celular, ocorrência de angiogênes ou nutrição e da metástase), presente em 60% dos casos. Ao final do estudo, 34% dos pacientes, considerados como potencialmente ressecáveis, tiveram o diagnóstico revertido para ressecáveis e foram submetidos à cirúrgica do tecido tumoral. "Estes resultados são muito importantes para o avanço no tratamento personalizado do câncer colorretal metástático. Os pacientes que são submetidos à cirurgia têm possibilidade maior de cura", afirma o vice-presidente sênior de desenvolvimento clínico global da área de Oncologia da Merck, Dr. Oliver Kisker. Para este tipo de câncer, a taxa de resposta e a interrupção do crescimento do tumor são cruciais também para o aumento da sobrevida do paciente", completa Kisker.

A metástase faz com que o câncer se espalhe para diversas partes do corpo, muito comum nos casos de câncer de colorretal, onde mais da metade dos pacientes sofrem com o risco desse processo acontecer. Por isso, o diagnóstico precoce é muito importante para o tratamento. Dados apontam que cerca de 80% dos pacientes identificados com CCRm estão na classe de tumor irressecável ou irreversível. Nestes casos, o tratamento com o cetuximabe+quimioterapia auxilia apenas no aumento da sobrevida do paciente, que pode ser de 30%. "O tumor tem três fases de ressecção que precisam ser analisadas e identificadas para indicação do tratamento: no início o tumor é ressecável e se tratado, pode ser removido, quando o tumor sofre mais lesão ele se torna potencialmente ressecável e já está avançando e o tratamento com a cetuximabe pode reverter para ressecável, já a fase avançada, a irressecável, apresenta muita lesão e a reversão ainda não é possível. Por isso, conhecer os sintomas, prevenir e diagnosticar o quanto antes são fatores de extrema importância", explica o oncologista do Hospital Sírio Libanês, Dr. Frederico Costa.

Sobre o Cetuximabe

O cetuximabe (Erbitux) faz parte dos remédios conhecidos como terapia-alvo. Tem menos efeitos colaterais do que os tratamentos-padrão, que são basicamente a quimioterapia, caso não haja possibilidade de cirurgia, seguida de radioterapia. A terapia-alvo não causa anemia, baixa de imunidade nem quedas capilares. Mas provoca rash cutâneo, com aspecto semelhante ao da acne (tratável). Atua no receptor EGFR (epidermal growth factor receptor) ou receptor do fator de crescimento epidérmico da célula tumoral, diretamente na proteína RAS, responsável por aumento da sobrevida, maior proliferação celular, ocorrência de angiogênes e ou nutrição e ocorrência de metástase. A RAS é produzida pelo gene KRAS, que precisa ser não mutado para responder a terapia com cetuximabe - é preciso realizar um teste para identificação do gene e personalização da terapia - O cetuximabe se liga na porção externa do receptor e impede a ativação da cascata de sinais.

Estudos com cetuximabe mostraram que 60% dos pacientes com CCRm são KRAS não mutado.