Cientistas da Espanha anunciaram que fizeram o primeiro transplante de um órgão cujo tecido foi desenvolvido a partir das células-tronco do próprio paciente.
A tecnologia também permitiu que pela primeira vez se fizesse um transplante de órgão sem necessidade de remédios anti-rejeição.
A paciente Claudia Castillo, de 30 anos, precisava de um transplante de traquéia, depois de ter sofrido danos nos seus órgãos respiratórios devido à tuberculose.
A cirurgia foi feita há cinco meses no Hospital Clínic, de Barcelona, e a paciente está hoje em estado perfeito de saúde, segundo os médicos.
Cientistas europeus acreditam que a técnica, descrita em um artigo da revista científica The Lancet, se tornará comum no futuro.
'Receio'
Para criar a nova traquéia, os médicos usaram uma traquéia de um doador e a limparam com fortes químicos para matar todas as células.
A estrutura que restou foi revestida com as células da própria paciente. Ao usar as células de Castillo, eles conseguiram evitar que seu corpo tivesse rejeição ao órgão doado.
Dois tipos de células foram removidas de Castillo: as que ficam na sua traquéia e células-tronco da medula óssea.
Depois de quatro dias de crescimento em um equipamento especial no laboratório, a nova traquéia foi transplantada pelo cirurgião Paolo Macchiarini.
"Eu estava com muito receio. Antes disso, nós só havíamos feito esse trabalho com porcos", disse o médico.
"Mas assim que a traquéia saiu do biorreator, tivemos uma surpresa muito positiva."
Quatro meses depois da cirurgia, Macchiarini afirma que as chances de surgirem sinais de rejeição do órgão no corpo da paciente são praticamente nulas.
"Nós estamos muito animados com os resultados. Ela está curtindo uma vida normal, o que para nós, os médicos, é um presente muito bonito."
Para Martin Birchall, pesquisador da universidade britânica de Bristol, que ajudou a criar a traquéia híbrida, o transplante significa uma "grande mudança" nas técnicas de cirurgia.
"Os cirurgiões podem agora começar a entender o potencial das células-tronco de adultos e desenvolvimento de tecidos para radicalmente melhorar a sua habilidade de tratar pacientes com doenças graves."
Para Birchall, em 20 anos, praticamente todos os transplantes de órgão serão feitos desta forma.
Na Europa, entre 50 e 60 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de laringe por ano. Os cientistas afirmam que cerca de metade deles podem potencialmente passar pelo processo realizado em Barcelona.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/11/19/ult4911u623.jhtm
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