Os números de taxa de sobrevida ao câncer de próstata em fase inicial não deixam dúvidas do avanço que a medicina conseguiu nos últimos anos contra esta doença. "Está sendo inaugurada uma nova era na história da doença", diz o urologista Gustavo Cardoso Guimarães, do departamento de cirurgia pélvica do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo.
Durante muito tempo, por falta de métodos precisos de diagnóstico e de tratamentos eficazes, o câncer de próstata foi considerado raro e, na maioria dos casos, uma inapelável sentença de morte.
A situação começou a mudar apenas a partir do fim da década de 80 e se acelerou nos últimos dez anos. Nos últimos vinte anos, os tratamentos medicamentosos e a radioterapia tornaram-se mais seguros e acurados. As cirurgias, menos invasivas e mutiladoras. A prostatectomia radical (a retirada total da próstata), por exemplo, durava, em média, oito horas e freqüentemente exigia transfusões de sangue. Agora a extirpação da próstata é feita em duas horas, por videolaparoscopia.
Com os novos procedimentos, os riscos de recidiva da doença caíram drasticamente entre pacientes com diagnóstico precoce. Atualmente, o câncer reaparece em apenas cinco de cada 100 pacientes. Nos anos 80, cerca de 40% dos homens dados como curados sofriam com a volta do tumor.
Hoje, sete de cada dez casos de câncer de próstata são identificados quando as chances de cura beiram 100%. Somente 10% dos pacientes se descobrem doentes quando as células tumorais já contaminaram outros órgãos. Em um passado bem recente, a situação era outra – 30% dos homens flagravam o tumor no início de seu desenvolvimento.
O cerco aos tumores de próstata deve se fechar ainda mais. Uma das novidades no campo do diagnóstico é a descoberta de um marcador sanguíneo específico para a doença – a proteína EPCA-2. Identificada em 2005 por médicos da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, ela é fabricada pelas células cancerosas.
Hoje, existe apenas um marcador sanguíneo para o câncer de próstata – o PSA. O problema é que essa proteína é, sobretudo, um indicador do tamanho da glândula – e não do tumor especificamente.
A função do PSA é diluir o sêmen durante a ejaculação, de modo a facilitar o trajeto dos espermatozóides. Como o PSA é produzido pela maioria das células prostáticas, qualquer alteração na glândula pode modificar a sua quantidade. Inflamações ou infecções no órgão elevam naturalmente as taxas de PSA. Com o envelhecimento, é esperado que a próstata aumente de tamanho – o que altera os níveis da substância no sangue.
Por isso, a margem de erro do exame de PSA na detecção do câncer de próstata é alta. Quando feito isoladamente, sem o toque retal, o PSA identifica somente 20% dos tumores em fase inicial. A acurácia da EPCA-2 chega a 97%. O novo marcador ainda está em estudos, mas, confirmado o sucesso alcançado até agora, deve chegar ao mercado em cinco anos.
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